quinta-feira, 19 de maio de 2011

Deixa nós aprender o Português correto. Inadequado é o livro.

Posso errar ao escrever, às vezes por distração, outras por pressa ou ignorância. Mas isso nunca me fez deixar de buscar respostas para as minhas dúvidas, seja na gramática, seja no dicionário.

Que delícia folhear o “Aurelhão” em busca da grafia correta ou do real significado de uma palavra que às vezes ouvimos e não sabemos bem seu significado. Quantas vezes não me peguei descobrindo outras palavras inesperadas ao folhear as páginas do dicionário.

Tenho boas lembranças das aulas de português. Que orgulho sentia em ter aula de redação e aprender formas diferentes de escrever, buscando preservar (claro!) o bom português. Será sorte ter tido professores que despertaram em mim o interesse por aprender o português correto? Lembro com carinho da saudosa Prof. Elvira, do Prof. Jarbas e do Prof. J.J.

Que gratificante foram as vezes em que pude contribuir para sanar a dúvida de um amigo, estimular a leitura ou a consulta ao dicionário.

Por falar no “pai dos burros”, como era (será que ainda é?) conhecido o dicionário, devo a minha mãe o prazer em buscar nele respostas, pois, quando perguntava o significado ou a grafia de uma palavra ela não me dizia e mandava que procurasse no dicionário. Ia ávida por consultar aquele livro fascinante, da mesma forma que também lia a gramática e os guias de estilo, que ainda conservo, publicados pela Editora Globo e pela Editora Abril, com diversas dicas para escrever bem.

Fosse hoje, com o livro com erros grosseiros que o MEC impõe aos estudantes, será que haveria estímulo para buscar a grafia correta ou aprender concordância?

Com indignação e certa tristeza li a defesa do MEC e da autora do livro que afirma ser apenas “inadequado” que se diga algo do tipo “nós pega o peixe”. Como podem pretender preparar os estudantes para o futuro ensinando o errado como simplesmente inadequado? Como podem apresentar coerência em seus discursos se o ENEM e os concursos públicos cobrarão a norma culta em suas provas? Isso para não dizer que o próprio mercado irá cobrar desses alunos que se comuniquem corretamente.

Não há que se dizer que “os livro” é inadequado ou coloquial. É errado.

Coloquial poderia ser a troca da colocação pronominal ao começar uma frase com “Te amo” no lugar de “Amo-te”.

Admitir que “nós escreve errado e tudo bem” é admitir que acredita que “nós não consegue aprender o certo”, é subestimar todos os estudantes que utilizam em sala de aula o livro, cujo título parece ironia, “Por uma vida melhor”.

Como disse o Prof. Sérgio Nogueira Duarte no Bom Dia Brasil, para aprender errado não é preciso escola, pode-se aprender sozinho.

Vergonha maior só mesmo o escândalo das merendas escolares divulgado pelo Fantástico.


9 comentários:

  1. Concordo 100% com seu post! Essa história de "coloquial" e aceitar os erros gramaticais (pois é "errado" discriminar) é o fim da picada! Que vergonha a situação da nossa educação!

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  2. Mais um que não leu o livro e fica repetindo o que não sabe.

    Antes de tudo, leia o capítulo do livro em questão. Está escaneado aqui: http://www.advivo.com.br/sites/default/files/documentos/v6cap1.pdf

    No capítulo está claro que a autora não falava de gramática, mas de linguística e comunicação. Coisas muito diferentes. A autora alega que não há certo e errado na comunicação. Se vc está num meio em que basta flexionar o artigo para se fazer entender, então a comunicação foi estabelecida satisfatoriamente numa variante linguística que não é a norma culta, mas sim a norma popular. Só isso! Não há uma única frase que diz ao aluno que ele deve esquecer a norma culta, pelo contrário.

    O livro cita claramente que o indivíduo deve ser capaz de utilizar a linguagem adequada em cada ocasião. Ou seja se ele foi criado por pais simples, que falam "os livro" não tem porque repetir isso numa entrevista de emprego, uma situação formal. Mas se conversar desta forma dentro de casa, o indivíduo vai se fazer entender. Reitero novamente: trata-se aqui de linguagem, não de gramática.

    Bem, parece que as pessoas se esquecem de que as línguas são dinâmicas. Nosso português é muito diferente do português de Portugal, pois foram separados há séculos. Lá, por exemplo, não há problemas em se dizer "mais pequeno". Aqui, a norma culta pede que falemos "menor". Aliás, o próprio Português surgiu como linguagem popular corrompida do Latim. Outro exemplo claro é a palavra "você". Já reparou que não existe o pronome "você"? Existem "eu", "tu", "ele". Por quê? "Você" é a corrupção do "vossa mercê". Há 80 anos falar "você", ou "vosmecê" era equivalente a dizer "os livro". Hoje não há nada de errado na palavra.

    Essa história toda virou mais um ataque político. E pior: infundado. Misturaram conceitos, pinçaram uma frase de um capítulo sem entenderem o contexto. E estão atacando o livro sem fundamentos no ataque.

    E fico decepcionada de ver pessoas que conhecem a norma culta da gramática continuarem cometendo o erro na interpretação de textos. Pelo jeito estão todos com teto de vidro.

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  3. Muito boa a sua postagem. Eu também sempre amei desvendar a grafia correta das palavras e buscar os significados no dicionário, que tristeza ver o caminho que segue a educação em nosso país.
    Deus te abençoe
    Beijos no coração, Aracy

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  4. Vim comentar, mas a Fernanda realmente falou tudo o que eu ia escrever aqui.

    Sou estudante de Letras e é isso que nós aprendemos na faculdade, aprendemos que certas linguagens são inadequadas, mas nada é errado. Dizer que é errado é considerado um grande preconceito linguistico, afinal, a gramática é um símbolo de exclusão e poder.

    Certamente o jornalista que começou com essa notícia e as pessoas que criticam nunca tiveram uma aula de Variação Linguística na vida, afinal, infelizmente, essa aula nós só temos na faculdade de Letras.

    Fico espantada com o total desconhecimento de 60 anos de discussão linguística em meio acadêmico.
    Quando finalmente se tenta introduzir algum conhecimento de sociolinguística nas escolas do Brasil, infelizmente pessoas sem a menor informação e que só leram uma página descontextualizada do livro vêm com pedras nas mãos.

    Na verdade, aprovar o tal livro para o ensino é um grande avanço no estudo da língua. Significa que as discussões linguísticas acadêmicas realmente estão se fazendo valer, significa que os cientistas da linguagem estão sendo ouvidos e respeitados!

    Como linguista sinto que tenho que aproveitar esse momento para esclarecer algumas pessoas que criticam sem saber. :)

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  5. Este comentário foi removido pelo autor.

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  6. menina... um absurdo esse caso dos livros com a grafia errada! O pior é que tudo isso é acatado como se fosse algo normal. Vergonha!!! bjos e boa semana

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  7. Roberta, tem selinho prá você lá no blog( ou será brog?...rsrs...)Besitos

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